quarta-feira, 25 de julho de 2007

Em favor da criatividade

“Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e eu moverei o mundo

Arquimedes


Que me compreendam aqueles que seguem todos os parâmetros, paradigmas e convenções; acreditem, trago-os todos no âmago do meu coração e os respeitarei para sempre, mas por favor, que haja mais espaço para que idéias novas possam surgir.


Cada ser humano trás em si um verdadeiro universo e pode sem sombra de dúvida dar uma excelente contribuição ao mundo em que vivemos.


Se no campo tecnológico, mal temos tempo de usufruir determinada obra, nas artes, e talvez principalmente na arquitetura, andamos muitas vezes atados aos espaços configurados de acordo com o que nosso inconsciente registra como aprazível, em função das boas reminiscências vividas pelo indivíduo e mesmo pela sociedade.


Isto que estou falando é para os espaços o mesmo que se sente ao ouvir uma música ou sentir um perfume que poderão nos ligar a determinada situação, boa ou má, vivenciada anteriormente. Certos terapeutas chamam estas circunstâncias de ANCORAGEM.


Sem desconsiderar tal fator, muito forte por sinal, ao mesmo tempo observo que o ser humano em sua condição de criatura que optou por experiências e aprendizados diversos, impõe-se um limite ao construir para si apenas espaços que os remetam às boas experiências passadas.


É por esta imposição limitante que observo a massiva construção dos chamados espaços rústicos, cheios de tijolos e telhas cerâmicas à mostra, rebocos não aplainados e madeiras cortadas irregularmente; sem me referir aos casos dos retornos aos períodos clássicos e etc.


O que proponho aqui não é o abandono destes usos, mas que pelo menos, quando o desapego for ação difícil, tais materiais possam ser usados de forma diferente. Daí resultaria um bom exercício criativo, pois com os mesmos materiais à disposição, o arquiteto poderia oferecer ao mundo novos espaços e enriquecê-lo desta forma graças à diversidade de possibilidades apresentadas.


Foi por esse motivo que citei o pensamento clássico de Arquimedes, o qual pode muito bem ser visto como uma afirmação de que mesmo com pouco, muito podemos fazer, posto que é ilimitada nossa capacidade criativa e diante de tão imenso potencial, enxergo como desperdício o girar em demasia em torno do que foi já feito.


André Souza


"As oportunidades do homem são limitadas só pela sua imaginação. Mas poucos têm imaginação; por isso há dez mil violinistas para um compositor."

Charles Kattering