É de se lamentar o que tem ocorrido ao longo de tantos anos em nosso estado, para não comentar em outros lugares do Brasil e do mundo. Especificamente falo a respeito do mau uso das centenas de arquitetos, urbanistas e engenheiros profissionais formados pelas universidades locais, enquanto as cidades padecem por causa da imensa série de construções que não oferecem aquilo que todos esperam: conforto.
Através de minhas viagens pelo interior, observei que as cidades têm crescido e a qualidade de ordem urbanística e arquitetônica tem se mostrado muito inferior ao que já se pode ser feito, sem grandes pesquisas, pois os profissionais arquitetos podem se valer do conhecimento adquirido ao longo dos anos para dar uma contribuição maior aos cidadãos.
Talvez as pessoas ainda não tenham se indignado por dois motivos: o primeiro deles é achar que contratar um arquiteto é “coisa de rico”. O segundo é não verem que é possível fazer obras de boa qualidade mesmo com baixos recursos financeiros.
Hoje em dia, vivendo em um país democrático, as pessoas devem estar conscientes de que têm o direito de viver em habitações que lhes tragam conforto; e para se construir casas de boa qualidade, creio que não há ninguém mais capacitado a produzir isto do que os arquitetos, afinal de contas, são eles que dedicam suas vidas ao estudo desta arte. Sobre a questão financeira, posso falar com segurança que é possível produzir habitações confortáveis mesmo com baixos recursos. Na antiguidade, mesmo sem materiais e técnicas construtivas avançadas, produziu-se edificações de indiscutível valor. Assim, é certo que a qualidade de vida dos habitantes do Rio Grande do Norte pode melhorar e muito desde que os arquitetos tenham a oportunidade de dar uma maior contribuição do que a que oferecem atualmente.
O que proponho que seja feito é que se inicie um ciclo de palestras nas cidades do RN onde os arquitetos apresentarão às pessoas as vantagens da construção de edificações baseados em projetos desenvolvidos por arquitetos. Estes profissionais mostrarão vários exemplos de obras feitas com baixos orçamentos e com materiais e técnicas construtivas não tão prejudiciais à natureza, como por exemplo o adobe, os tijolos prensados e os modos de reaproveitamento de águas pluviais, além do uso de madeiras vindas de áreas de reflorestamento. Por falar nisso, planos de arborização urbana podem ser divulgados para que, graças ao seu uso, as cidades tenham uma amenização de temperatura.
Tais palestras podem contar com o apoio do CREA-RN, IAB e a Caixa Econômica Federal, que é responsável pelo financiamento de grande parte das casas populares do Brasil.
Apesar do CREA-RN desenvolver uma ação de fiscalização sobre as construções de edificações no estado, exigindo que profissionais habilitados participem deste processo, creio que é difícil manter uma ampla fiscalização, por esta ser muito onerosa. Acredito que a melhor maneira de alcançar o objetivo de termos cidades mais belas e saudáveis aos cidadãos é através da conscientização de que já há muitos profissionais aptos a esta possível realização.
André Souza.
Arquiteto e Urbanista
Um comentário:
Você me inspirou, estou prestes a iniciar uma jornada em busca de novas formas de se construir.
Quero encontrar uma maneira de usar conhecimentos simples e baratos, para tentar amenizar o problema da moradia. Talvez eu encontre mais perguntas do que respostas, mas ainda acho(assim como você) que a arquitetura é para todos.
Obrigado!!
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